Notícias

      O comerciante Osvaldo Paz Domingues, ex-sócio do prefeito Mário Heins (PDT), negou hoje (21), durante reunião da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga supostas fraudes em licitações da Prefeitura, todas as denúncias feitas por ele ao Ministério Público, em setembro do ano passado. Antes do depoimento dele, a CEI também promoveu oitivas com a secretária municipal de Administração, Ana Leone Paiva, e com a servidora Rosilene Aparecida Lamberti Dragone, presidente da Comissão de Licitações. As duas negaram qualquer irregularidade nas licitações promovidas pela Prefeitura e também afirmaram serem falsas as afirmações realizadas pela ex-servidora Maraiza Domingues sobre o pagamento de propina por empresas fornecedoras do Município para o direcionamento das licitações.

      Munido de habeas corpus preventivo, que o isentava de responder perguntas que pudessem incriminá-lo, Osvaldo Domingues apresentou uma carta de próprio punho e uma declaração registrada em cartório desmentindo as afirmações realizadas por ele e pela filha, a ex-servidora Maraiza, à Promotoria. “Não são verdadeiras as afirmações que fiz perante o Ministério Público de que o Dr. Mário Celso Heins possui gado em São Félix do Araguaia e também não são verdadeiras as alegações de que teria comprado tal gado com dinheiro desviado da Prefeitura”, afirmou no documento.

      O comerciante declarou também que o prefeito não tinha conhecimento do gado adquirido em seu nome no Mato Grosso, além de assumir ter feito essa denúncia com o objetivo de convencer o ex-sócio a ajudá-lo em negociação com o empresário Walter Jorge Paulo Filho, proprietário da Forty Construções e Engenharia, que, na época, o acusava de desvio de dinheiro na compra de gado. No documento, Osvaldo afirma ainda ter convencido sua filha a denunciar o prefeito e o proprietário da Forty como sócios em esquema ilícito de compra de gado para se proteger. “Para que não parecesse uma denúncia só contra o Walter, ela (Maraiza) acabou denunciando outras empresas”, afirmou. Em virtude das declarações apresentadas por ele e de sua recusa em responder aos questionamentos dos parlamentares, a reunião da CEI foi encerrada, para que os documentos apresentados sejam analisados pela procuradoria do Legislativo.

      Negando qualquer tipo de irregularidade em licitações durante seu depoimento, a secretária de Administração confirmou, no entanto, o recebimento de R$ 1,2 mil em uma caixa de bombons, ressaltando que não sabia da procedência desse recurso e destacando que solicitou que a ex-servidora Maraiza devolvesse esse valor a quem tivesse entregado o presente. “Ela (Maraiza) não soube me dizer na época quem mandou entregar essa caixa de bombons. Em momento nenhum ela se referiu ao remetente como representante de empresa fornecedora da Prefeitura, como fez posteriormente em denúncia ao Ministério Público. Hoje eu acredito que quem enviou os bombons seja alguém da oposição, uma pessoa inteligente, que a ajudou a arquitetar essa situação, tentando forjar uma prova contra a atual Administração”, disse.

      O servidor Antonio Marcelo dos Santos Ferreira, um dos responsáveis pelos pregões no Executivo e que seria ouvido hoje pela manhã, teve seu depoimento agendado para quinta-feira (24), em virtude da demora da primeira oitiva realizada pela comissão. Além dele, também está previsto o depoimento do ex-secretário municipal de Meio Ambiente, Antonio Salustiano Filho. Para o vereador Carlos Fontes (DEM), presidente da CEI, as negativas apresentadas por Osvaldo Domingues e pela filha dele durante as reuniões da CEI não invalidam os trabalhos da comissão, que deve apresentar um relatório ao final das investigações.